No texto que escrevo falo
sobre sonhos. Há quase um ano conheci a professora Valéria Leite na bela cidade
de Recife, em uma manhã de muito calor! A professora Valéria tentava mostrar
seu trabalho –que já há algum tempo queria apresentar –, realizado durante anos
em sala de aula, com alunos que apresentavam defasagem de aprendizado. Incansável
na tentativa de mostrar aos amigos de profissão o seu jeito de alfabetizar,recebia
indiferença. Muitos opinavam sem ao menos ter lido seu projeto,mesmo com toda
evidência de fartos registros de sucesso com os alunos, com seu jeito de
ensinar as palavras. As autoridades que ela procurava para mostrar seu trabalho
não a recebiam. Estavam sem tempo. Recebeu alguns “nãos” de subalternos e afirmativas
de que esse projeto não tinha futuro.
Como alguém que
trabalha com educação não sabe ouvir? Como um educador opina sobre um projeto
sem ter lido? Muitas portas se fecharam para a professora Valéria Leite, na sua
tentativa de mostrar seu jeito peculiar de alfabetizar seus alunos.Mesmo diante
das negativas, ela não desistiu da ideia de que aquele projeto tinha que ir
além da sua sala de aula. Agora, imaginem quantos projetos em escolas neste
país estão acontecendo e não são vistos. Desprezados! A falta de vontade
política não deixa. A burocracia burra não deixa. Muitos não querem mudar essa
situação para manter seu statusquo.
Privilégios. Não pensam na comunidade, pensam em si. Mesmo assim, milhares de
professores não desistem! A Valéria Leite está entre esses professores.
Prestem atenção nesta
história aparentemente fantasiosa, mas verdadeira. Uma amiga de Valéria contou a um
amigo sobre a luta da professora para mostrar seu trabalho sobre alfabetização.
O sujeito se interessou pelo projeto e disse que tinha uma pessoa que poderia
ajudá-la. Aí é que eu entro nessa história. Fui a Recife conhecer a professora
Valéria. Eu a ouvi atentamente por um bom tempo.Ela falava
de seu projeto com entusiasmo e alegria. Os olhos brilhavam. Olhos também que umedeciam
diante das recusas que recebera. Nunca desistiu.Trocamos ideias de como poderia
materializaraquele seu trabalho. Aceitou algumas sugestões.Saí de Recife com a
tarefa de transformar aqueles registros de trabalho em dois livros: o livro do professor
e o do aluno. Vencemos a primeira etapa. Entreguei o trabalho depois de quase
um ano. Foi gratificante.
Professora Valéria Leite
P.S.: não posso me esquecer de citar a professora Fernanda Cardoso que, durante esse tempo, foi companheira de Valéria Leite nessa luta para ela ser reconhecida; também, agradecer o companheirismo do marido da professora Valéria, o senhor Valmir, que sempre caminhou ao seu lado.
P.S.: não posso me esquecer de citar a professora Fernanda Cardoso que, durante esse tempo, foi companheira de Valéria Leite nessa luta para ela ser reconhecida; também, agradecer o companheirismo do marido da professora Valéria, o senhor Valmir, que sempre caminhou ao seu lado.