quinta-feira, 28 de maio de 2020

LIBERDADE DE IMPRENSA, SEMPRE!




Na última visita do chefe do budismo tibetano no Brasil, o Dalai Lama, tive o prazer em conhecê-lo, no Templo Zu-Lai em Cotia. Sempre uma fala centrada objetivamente na preservação da vida humana. Um defensor ferrenho dos regimes democráticos e da liberdade de imprensa. Ouvir o Dalai Lama falar sobre cidadania eleva a alma. Nessa mesma época concedeu uma entrevista enfatizando a importância da liberdade de imprensa e a ilustrou usando como exemplo a tromba de um elefante. A tromba, que busca muitas vezes o que não é visto e o traz à tona.

CERCADINHO DO TERROR
Os jornalistas do cercadinho do presidente, todos os dias têm sido hostilizados no Alvorada.É triste constatar que o maior incentivador destes ataques ostensivos à imprensa seja o Presidente Jair Messias Bolsonaro. Sempre visivelmente irritado com as indagações dos jornalistas, não aceita ser questionado. O pretexto usado pelo presidente é de que a imprensa é mentirosa e o persegue. Trilhando seu caminho de intolerância e ódio, vêm seus apoiadores com um caminhão de impropérios proferidos aos jornalistas. É visto com clareza que alguns bolsonaristas gritam alucinados em completo êxtase: comunistas, vagabundos, safados e aí vão os diversos palavrões. Os jornalistas no cercadinho mantêm a postura e o silêncio, comportando-se com a maior civilidade do mundo. A que ponto de fanatismo chegamos?

INDIGNE-SE
Agora é ahora de se posicionar e se solidarizar com os jornalistas que exercem seu trabalho com dignidade. Um governo eleito democraticamente não pode ter medo da imprensa livre. O que se esconde por trás deste medo da imprensa? Os jornalistas não podem se acuar diante das intimidações dos lunáticos do cercadinho do ódio. Aludindo à tromba do elefante do Dalai-Lama, a imprensa tem que continuar trazendo à tona todas as informações possíveis,evitando que se esconda qualquer coisa de baixo do tapete. A liberdade de imprensa é um dos alicerces da democracia.A maioria dos brasileiros não compactua com essa agressividade com os jornalistas, vistas todos os dias. São cenas humilhantes.

PS: A cada dia os traços autoritários e antidemocráticos do presidente evidenciam-se mais e mais.

Marcos Martinez


terça-feira, 5 de maio de 2020

DIAS DAS MÃES



Este ano será diferente dos outros, vou escrever sobre a visão que tenho da minha mãe. Escrever como eu a vejo. Porque você também não escreve sobre a visão que você tem da sua mãe? Escreva! Conto:A minha mãe não é uma mãe de barriga, mas de adoção. Esse gesto de adotar um filho é profundamente humano. Pense nisso. Aqui entre nós, ela é minha mãe de verdade! Deu-me um nome e sobrenome. Educou-me com seu jeito. Sempre pensando no meu bem. Imagine minha mãe com vinte e um anos,recebendo em seus braços com toda dedicação e carinho seu filho recém-nascido. Mulher vaidosa, bonita e inteligente. Adorava organizar as festas do meu aniversário. Cada festa era melhor que a outra. Doces e mais doces. As minhas roupas de criança eram impecáveis. As festas faziam com que me sentisse aceito e amado. As festas reuniam toda família.

No álbum de fotografias em preto e branco as imagens são vivas. Os falatórios, sorrisos e a mesa farta estão ali registrados. Às vezes sinto que aquelas fotos falam comigo. Sinto o cheiro das pessoas. O aroma da comida. Nas fotos em preto e branco os vestidos coloridos com estampas de flores de minha mãe eram lindos. Ressaltavam seus olhos azuis. Quando mexo no álbum de fotografias sinto-me protegido.

Minha mãe adorava passear. Eu adorava acompanhá-la. Sempre visitamos suas irmãs e seus irmãos.  Sabe aquela cena de cinema que a mãe puxa o filho pelo braço quando ele está cansado,lembra?Minha mãe fazia igualzinho comigo. Mesmo as pernas não aguentando mais a caminhada, chegava ao destino. Sentia-me tão seguro com ela. Tantas outras histórias em que minha mãe estava presente podem ser contadas!

O tempo nessa época passava tão de devagarzinho! Ele passou lentamente e prazerosamente...

A primeira vez que vi minha mãe chorar foi quando abandonei a escola com dez anos. Todos os conselhos foram dados para que eu não abandonasse os estudose não foram ouvidos. Preferi trabalhar a estudar. Tem coisa que a vida não permite voltar no tempo.  Sabia no meu íntimo que o desejo da minha mãe era que eu voltasse a estudar. Foi um tempo emocional difícil. Anos depois, percebi e sentio porquê das lágrimas da minha mãe.Senti o quanto o estudo me fazia falta. Ela tinha razão. Com todo jeito,sempre me falava da importância de estudar. Sempre querendo meu bem. Lembranças:Tenho guardado nitidamente na minha memória minha mãe vestida de colegial indo para a escola. Sempre correndo atrás do que desejava.

Minha mãe é professora.

Adorava conversar com minha mãe. Às vezes ficávamos horas e horas conversando sobre as dificuldades e alegrias que passamos juntos e vencemos. Sempre fui um filho que exigiu muita atenção da minha mãe. Do jeito dela estava ali presente,como que dizendo “olha filho, estou aqui”. Às vezes eu não enxergava. Mas ela não desistia de mostrar que me amava.

Hoje minha mãe tem oitenta anos.

Falo com ela quase todos os dias. Aprendi a cozinhar com ela. Aprendi a cuidar de uma casa, ainda pequeno, como gente grande. Às vezes insistentemente, digo que a amo. Só para ouvir de volta que ela me ama também. Coisa de gente carente. (Risos.) Aqui contei só um pedacinho da minha história com minha mãe. Tem tantas coisas a serem contadas ainda...
Marcos Martinez