quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

A PRAÇA JAPONESA EM COTIA FALECEU TRAGICAMENTE NESTE FINAL DE SEMANA.

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A Praça Japonesa não era considerada um patrimônio histórico, mas tinha naquele espaço um sentimento forte de duas nações. Uniu as cidades de Cotia, no Brasil, e Ino, no Japão.A construção da Praça Japonesa conectou Cotia ao mundo. A praça abraçou a cidade e a cidade a praça. Harmonia. Aos sábados as noivas iam até a praça para tirar fotos e deixar registrado o começo de uma nova vida. No meio daquelas imagens da delicadeza japonesa, os casais declaravam amor eterno. Eventos culturais reforçavam a amizade entre Cotia e Ino. O ritual do chá na casa de chá era algo mágico. A praça passou a ser um referencial para quem vinha de fora.  Em nome do progresso,sorrateiramente a cor cinzenta tomou conta. 

Para quem não sabia, a Praça Japonesa era cercada de simbolismo. A praça era rodeada de árvores típicas do Japão e cada uma,ao ser plantada, recebeu o nome de um morador de Cotia. A casa de chá charmosa. O lago com carpas, o palco para atuações culturais. Cada jardim, de acordo com a sua forma,tinha sentidos e significados. Os totens e bustos de membrosda Cooperativa Agrícola de Cotia registravam a presençajaponesa na cidade. O que sobrou da praça foi um pedaço desconexo. Sem sentido. 

Construir estradas e ampliá-las é mais importante que um espaço de cultura e lazer.

Com a ampliação da RaposoTavares ela foi seccionada. Dividida.  Descaracterizada. Assistimos sua morte lentamente. Sem nada poder fazer,anão ser reclamar ou esbravejar. O progresso fala mais alto. O dinheiro fala mais alto. Neste sábado de manhã, o portal que sobrou da praça foi incendiado. A notícia que chegou foi que o portal teria sido incendiado por drogados ou desocupados.Não é verdade! Quem incendiou o portal da praça foi o progresso. O descaso. A praça, com o tempo, só existirá na memória de quem a conheceu. Peço desculpas à colônia japonesa e às autoridades de Ino, que visitaram a praça no Centenário da Imigração Japonesa. Infelizmente é assim que cuidamos da nossa História.


Um abraço fraternal,


M