Erigi
um monumento mais duradouro que o bronze,
mais alto do que a régia construção das pirâmides
que nem a voraz chuva, nem o impetuoso Áquilo
nem a inumerável série dos anos,
nem a fuga do tempo poderão destruir.
mais alto do que a régia construção das pirâmides
que nem a voraz chuva, nem o impetuoso Áquilo
nem a inumerável série dos anos,
nem a fuga do tempo poderão destruir.
Horácio
Escrever
o livro Memória & Imagem foi um grande presente, na medida em que me possibilitou
revelar a memória de antigos moradores de Cotia. Memórias que, com o passar do
tempo, estavam sendo esquecidas. Desaparecendo.Ao entrevistar esses moradores
antigos,a memória de cada um deles trouxe novidades quase apagadas e
desconhecidas dos novos moradores que vieram de todos os lugares do mundo aqui
morar. Dona Oscarlina Pedroso Victor,com as fotos antigas nas mãos delicadas ia
tecendoum mosaico das histórias desses moradores. Nesse mosaico cheio de sentimentos,
apareceu a vovó Catarina, moradora da Granja Vianna.
Ao
descobri-la nesse mosaico de vidas,fui ouvi-la.Fui conhecê-la. Fui recebido por
uma “velhinha” generosa...Aquela senhora de cabelos brancos e um sorriso solícito,e,
sem cerimôniaalguma,foi tecendo seu mosaico danossa cidade. Um mosaico
carregado de encanto.Antes de falar da Granja Vianna e de Cotia,lembrou-se do marido,companheiro
de uma vida... Os olhos lacrimejaram. Frisou o amor à família. Uma senhora de
sensibilidade incrível. Com gestos elegantes, serviu um café, bolachas e um
delicioso pedaço de bolo e iniciamos a conversa.
Aos
poucos ela foi falando das dificuldades que enfrentou ao lado do marido, José
Felix de Oliveira. Lembrou emocionada de quando chegaram à fazenda do senhor
Niso Vianna. A cada pincelada no passado trazia à tona uma diversidade de casos. A
cada momento fisgado da memória trazia uma história. Ela e o marido estendiam
um lençol branco na frente de sua casa e exibiam filmes em preto e branco.
Juntava gente dos quatro cantos da cidade: Cotia, do Morro Grande e Caucaia do
Alto e outros. Com aquele sorriso gostoso de ver e ouvir, revelou timidamente que,
nesses encontros, saíram namoros e casamentos.
Durante
anos, a vovó Catarina foi inspetora da Escola da Granja Vianna (hoje, Escola
Vinícius de Moraes). Os alunos lembram-se de vovó Catarina com carinho. Relata
um aluno: “Quando esses fugiam das aulas para ficar na pracinha, dona Catarina
gritava lá da escola para que voltassem às aulas. Depois do terceiro chamado
ela ia buscá-los educadamente, explicava as normas da escola.Respeitava os
alunos e era respeitada por eles. A melhor cena que descreve dona Catarina é quando
ela caminhava pela Granja Vianna era cumprimentada por todos. Ela é avó de
todos os moradores da Granja Vianna. Ela é avó de todos os moradores de Cotia”.
Na
conversa sempre retomava lembranças do senhor Niso Vianna. Um homem generoso,ela
dizia. Trazia do seu mosaico lembranças das primeiras freiras que a fazenda recebeu
para prestarem serviço social. O cuidado que o senhor Niso Vianna tinha com os
funcionários da fazenda ela também relatou. Essas
lembranças são um pedaço da memória da vovó Catarina. Memórias que não serão
destruídas. Memórias que serão sempre lembradas. Gente com esse jeito da vovó
Catarina nunca desaparece. Gente assim deixa saudade.
P
S: vovó Catarina se despediu de nós em grande estilo, depois de mais de cemanos
de vida.
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