Justificar
os indicativos de que nossa educação está entre as piores do mundo é muito
fácil. Os arcabouços dos indicativos negativos saltam aos olhos de quase todos
enão é preciso ser especialista em educação para vê-los. Podemos vê-los pelas
péssimas estruturas dos prédios escolares. Será esta uma justificativa? Pela
dificuldade dos alunos chegarem até as escolas em alguns lugares. Será outro
indicativo? Pode ser a frágil formação dos professores ou os péssimos salários
que estes recebem. Se este for um dos motivos, seria fácil de resolver? Aumentar
os salários e proporcionar cursos de formação.Será que estas ações resolveriam
os índices deprimentes da educação brasileira? Outra justificativa corriqueira para
justificar esta educação de qualidade ruim é a falta de dinheiro. Será? As
secretarias da educação são as únicas da administração pública que têm verba
garantida. Elas têm 25% do orçamento e 15% do Fundeb (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Professores da
Educação).Será realmente a falta de dinheiro? Deste montante, 60% são para o
salário dos professores. Podemos montar um imenso mosaico de indicativos para
justificar a ineficiência desta máquina. Pouco adiantaria. É preciso dar o pulo
do gato e propor ações que mudem esta situação, para assim sairmos do muro de lamentações
em que nos encontramos.
Estas
observações não são novidades. A intenção deste texto não é descobrir quem nasceu
primeiro,“o ovo ou a galinha”. É propor caminhos que ajudem a sair deste
marasmo. Desta sensação de que não tem jeito. Sair deste “ringue de patinação”.O
ponto de partida para sairmos desta condição quase letárgica é que se tenha a
vontade política do gestor público (Presidente, Governador e Prefeitos). Se não
existir esta vontade,aí não anda mesmo. Se não existir esta ambição política
destes gestores é como “chover no molhado”. A educação não pode continuar sendo
enfeitada com uma leve camada de verniz. A educação não pode ser a protagonista
na época da eleição para logo depois ser esquecida,ser tratada com descaso.
Outro aspecto negativo é o “plano de educação de faz de conta”. Não passa de
ilusão. Não passa de peça publicitária, que nunca vai sair do papel. Então, um
passo importante é ter vontade política de fato. Outro passo importante e
significativo é conhecer a rede de ensino que é da “responsabilidade”destes
gestores. Quem é seu professor? Quem é o funcionário que limpa a escola ou abre
o portão da escola? Quem é o secretario da escola? Quem é a merendeira? Quem é
seu diretor? Quem é seu coordenador? Quem são os funcionários que estão locados
na secretaria da educação? Fica difícil construir um projeto de educação se não
conhecemos os sonhos, os desejos e a esperança desta gente.
A
palavra “responsabilidade” entre aspas é pura provocação. A “responsabilidade”
da educação não é só para quem está no topo da hierarquia, é de todos que
participam deste processo que é o ato de educar. O diagnóstico possibilita
ouvir, sentir e apontar soluções de quem vive a realidade da escola no seu dia-a-dia.
Esta mania de trazer projetos prontos e hermeticamente fechados não funciona.
Quantos projetos conhecemos, que foram implantados de
cima para baixo e que tiveram vida curta?! Um diagnóstico bem elaborado pode
apontar caminhos onde todos se sintam responsáveis e respeitados.A melhoria da
educação não é um ato isolado. É um ato coletivo. Os envolvidos têm que se
sentir imbricados nesta construção de índices positivos.
Dois
passos importantes até agora: vontade política e diagnóstico. O diagnóstico
evita que o gestor deixe de ser um apagador de incêndios, pois cada dia tem um
incêndio para apagar. Desta forma é impossível fazer educação, e assim, apenas
se administra o fracasso. Um esforço imenso para um resultado ínfimo. A exaustão
toma conta. Junto, o desânimo. O diagnóstico apresenta soluções e aponta objetivos,
metas e breves resultados com a participação de todos os envolvidos.É caminhar
coletivamente.
Diagnosticar
a rede de ensino é antecipar eventuais problemas e apresentar soluções.
Diferente de apagar incêndios. Com estes primeiros passos (vontade política e
diagnóstico) pode-se conhecer a discutir um Projeto Pedagógico para a rede de
ensino. Caso contrário, estaremos cuidando da educação paliativamente.
Marcos Roberto Bueno
Martinez
(Formado em História,
Escritor, Secretário da Educação de Cotia de 2000 a 2008)
Perfeita colocação!
ResponderExcluirNeste contexto é possível identificar que as característica fundamentais de um gestão política democrática subjetiva, participativa e introdutória respeita as demandas.Entende-se também que os problemas de equidade merecem atenção especial, pois é nesse contexto atual que mudanças devem ser feitas. Tudo isso implica em uma gestão onde todos devem participar de forma efetiva da melhoria da qualidade de ensino. Usar estratégias que possibilitem melhorias a comunidade e a todos os envolvidos.
ResponderExcluirParabéns pela transcrição.
Eu sou Educadora, especialista em Didática e Metodologia do Ensino e Psicopedagoga Clínica e Institucional.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSábias palavras . É preciso que cada pessoa q esteja envolvida no processo de Educação seja responsável e comprometido com os compromissos assumidos. Muito fácil empurrar o problema ou responsabilizar outros pelo fracasso, buscar estratégias, dialogar, formar parcerias e ter boa vontade são, na minha opinião, atitudes simples q devem ser excecutadas sempre q necessário. Lembrar q escolhemos trabalhar nessa área apesar das adversidades.
ResponderExcluirmuito bem , vamos iniciar o comentário , definindo bem a educação publica e a educação privada
ResponderExcluirentão resumidamente a educação privada é aquela que tem que seguir a risca a LDB , é cobrada , supervisionada e intimada a fazer de tudo do bom e do melhor para cumprir o que o sistema impõem .
ResponderExcluira educação publica é ao contrario , onde nada e ninguem tem responsabilidade de nada . muito bem dito anos atras pelo Senador Cristovam Buarque que deveria parar tudo para começar do zero e refazer a educação no Brasil. concordo plenamente com esta que seria uma titude radical porem necessaria . sem duvida o medo e outros blas blas impedem de fazer por isto a razão pela qual a educação publica no Brasil é pessima a mais de 30 anos é exatamente o medo de mudar tudo .....este tudo fica para um proximo comentario ...rssss
ResponderExcluirAlex Gailey
Comendador Latino Americano em Educação de Qualidade