segunda-feira, 16 de julho de 2018

JAVALIS SELVAGENS: MENINOS DA CAVERNA

Que país é esse,a Tailândia,que chamou tanto o olhar do mundo para si nesses últimos dias? Normalmente, quando falamos sobre países asiáticos, lembramo-nos de coisas exóticas, principalmente a comida –um olhar obtuso do Ocidente. O Ocidente sempre teve dificuldade para entender a cultura asiática. E também a Oriental! O acontecimento dos meninos que ficaram presos em um complexo de cavernas fez o mundo voltar sua atenção para a Tailândia. Voltar o olhar com fraternidade.Os tailandeses, nesse episódio, mostraram que essa coisa de exótico é uma visão equivocada do Ocidente. Eles deram uma lição de civilidade ao mundo, diante de uma quase tragédia! Solidariedade.Organização. Em nenhum momento transformaram tal fato em um espetáculo mediático.

A cada passo dado com sucesso, anunciavam as informações com serenidade. Sem estardalhaço. Sinceridade. Dos 90 socorristas,40 eram estrangeiros. A condição das crianças mobilizou o mundo em uma corrente de oração. Em nenhum momento os familiares, mesmo sofrendo, criticaram a ação das autoridades da Tailândia. Esperaram. Não se via nenhuma mãe desesperada dando entrevista a jornalistas. Apesar dos rostos apreensivos, mantinham a tranquilidade. Meditação. A informação de que o professor, que acompanhava os Javalis, aprimorava a meditação com os garotos e deixava de se alimentar para que os meninos pudessem comer e aguentar as dificuldades que viam à frente mobilizou sentimentos no mundo todo.Nove dias sem contato com o mundo externo, colocando sua vida em risco.

Mesmo com o evento da Copa do Mundo, depois que os garotos foram encontrados pelos mergulhadores ingleses– voluntários –,em um biombo, na montanha, os meninos ganharam ainda mais atenção e admiração do mundo todo. Criou-se uma onda de energia para que eles fossem resgatados. Compaixão.

Enquanto aqui apareciam algumas críticas ao professor, por ter levado os alunos à caverna, com comentários do tipo: “Esse professor é irresponsável”, na Tailândia, os familiares isentavam o professor de qualquer responsabilidade. Enalteciam-no. Em nenhum momento os familiares e os meninos foram expostos, apesar da cobertura mediática do mundo. Enquanto aqui a imprensa em geral opinava e imaginava situações que criavam ansiedade em vez de tranquilidade,com os especialistas no assunto apresentando apenas os aspectos negativos (agora virou mania esse negócio de especialista opinar sem saber as circunstâncias reais em que os fatos estão acontecendo), lá, as crianças foram sendo retiradas em grupos de quatro, sem nenhum sensacionalismo. Mantinham a serenidade. Uma logística impecável. Uma organização impecável.

Há muito tempo não se viam os dogmas, doutrinas e costumes religiosos serem colocados de lado e cada um do seu jeito rezar para que os meninos saíssem daquela caverna com vida. Tolerância. O gesto das mãos juntas em sinal de reverência dos familiares e de todos os envolvidos era algo emocionante. Os meninos estão em casa são e salvos. Graças.


P.S.: enquanto escrevia este texto, veio-me à cabeça o Mito da Caverna do Platão. Algo a ser considerado. 

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