domingo, 11 de junho de 2017

O QUE NÃO VALE FAZER NO DIA DOS NAMORADOS


Não vale dar presentes.  Muitas vezes um presente é para disfarçar um amor que não existe. Muitas vezes o presente é só para compensar as culpas de quem presenteou e não sabe amar. Use o presente só quando ele celebrar de fato o amor. O presente é apenas um recurso que desperta ou não o namoro. Será? Vale a pena ou não dar presente neste dia? Bom,esta coisa de dar presente é você, enamorado, que pode resolver.

Não vale deixar o celular ligado. Ao desligar o celular estará ligando sua alma à da pessoa amada. Lindo né? Só vale ligar o celular apenas para tirar uma foto e exibir no Facebook no Instragram, e se usar o senso de ridículo. (Cuidado para não ser cafona.) Não vale tirar foto no quarto do motel.  Não vale tirar foto em um restaurante. Não é implicância,é que todo mundo vai tirar foto no motel e no restaurante, e quando postar a sua foto nem vai ser percebido.  Vamos combinar uma coisa: para aparecer nas redes sociais, invente algo diferente. Não tenho nenhuma sugestão.

Não vale arrumar um namorado só para ganhar presente e depois desistir de namorar. Coisa feia fazer isso. Não machuque o coração de quem pode ter te levado a sério. É sacanagem fazer isto com ela ou com ele. Este tipo de comportamento é conhecido como golpe da Cinderela – depois de tudo que aconteceu alguém vira abóbora. Confesso que tenho amigas e amigos que praticam este tipo de sacanagem com maestria. Cuidado com namorado de última hora. Pode rolar só interesse e nada de afeto.

Não vale no dia dos namorados irem ao motel, agora por um outro motivo:primeiro que você vai enfrentar filas imensas, pode ficar estressado e perder o...leve-a ao motel num dia que não seja no dia dos namorados. Não leve o seu amor para jantar em um restaurante. Leve qualquer outro dia!Todos estarão lotados e com preços abusivos. Nada contra o comércio nesse dia, é que você vai gastar muito tempo em filas longas e cansativas e perderá a oportunidade de dizer à amada o quando você a ama. Perderá até mesmo o tempo de namorar. Não perca o foco. Pense nisso! Uma observação: essa coisa de filas e espera pode deixá-lo irritado e mesmo não querendo pode  provocar uma briga num dia tão especial.

Não vale no dia dos namorados lamentar por não ter alguém. Invente um namorado (ou namorada) platônico. Essa é a saída mais legal para este dia tão cheio de mentiras e invenções. Imagine arrumar alguém de faz de conta, que não precise dar presente. Levar pra jantar. Alguém que você não precisa fingir sentimentos. Num amor inventado você pode criar alguém do jeito que quiser. De preferência só com qualidades. Quando a invenção amorosa encher,pode-se passar o apagador. Pense bem nesta sugestão! Só fica sozinho quem quer, no dia dos namorados.


Antítese: Tudo que foi dito acima será desdito. Quem puder leve o namorado (a) para jantar. Leve ao motel. Enfrente filas. Invente uma namorada ou namorado. Diga com o peito cheio de emoção que você a ama. Aproveite este momento. Só não se esqueça de não avançar muito no cartão de crédito. 

quinta-feira, 1 de junho de 2017

PALAVRA ESTRANHA


Desde muito criança me achava estranho. Achava-me estranho de tanto os adultos me chamarem de estranho. Na verdade a palavra não era “estranho” e sim “retardado”. Eu sempre ficava pensando o que queria dizer esta palavra. Como não sabia seu significado, achava que poderia ser um elogio. Com o passar do tempo fui percebendo que retardado tinha um sentido pejorativo. No meu caso, eu tinha dificuldade de assimilar o que se ensinava na escola. Era um pouco lerdo. Demorava um pouco mais de tempo do que meus amigos para aprender. O dia que escrevi meu primeiro número na aula de matemática foi o oito deitado ainda, pois deveria ser na vertical. Oito na horizontal é de matar. A cada erro a palavra retardado ia crescendo de tal forma, que com o tempo tomou conta de mim. Sentia-me realmente retardado.

Tem adulto que deveria tomar cuidado com a palavra dita. Penso que tem gente adulta que não sabe que a palavra pronunciada vem carregada de sentimentos. Um dia, a direção da escola chamou meus pais e disse que eu tinha dificuldade de aprender e que estava muito atrasado no aprendizado em relação ao resto dos alunos da sala. Algum adulto comentou entre dentes “será que ele é retardado”? Depois daquela reunião, escondido dos meus pais, chorei achando que era retardado. Chorei, mesmo não sabendo o significado desta palavra. Sabe, passado tanto tempo,percebo que naquela época não sabia escrever o número oito certo e nem escrever palavras corretas, mas sabia tocar os instrumentos da bandinha da escola. Ouvi que tocar instrumento só podia ser coisa de retardado mesmo! Tem adulto que deveria pensar muito antes de dar sua opinião sobre o comportamento de uma criança. Ter cuidado. Ter carinho. Ter sensibilidade. Até hoje quase que escuto os professores falando:

— Ele não consegue se concentrar quando estou ensinando.

—Os amigos de sala terminam a lição e ele mal começou a fazer.

—Ele não para quieto na carteira.

—Ele atrapalha o andamento do aprendizado da sala.

—Além de não aprender, está ficando indisciplinado. Deve ser retardado.

—Troca as letras. Confunde f com g. Confunde x com ch.

Com o tempo fui ganhando o fundo da sala de aula,onde normalmente se encontram os estranhos.  Com o tempo comecei a faltar e a esconder da minha mãe que tinha faltado à escola. Quando aparecia, era deixado de escanteio. Os amigos dos anos iniciais de escola foram se tornando estranhos. Com o tempo abandonei a escola. Abandonei por muitos anos. Nome técnico: desistente. A palavra “retardado” me perseguiu por muitos anos. Trouxe-me insegurança. Trouxe medo. Trouxe timidez.  Afastou-me de pessoas que amava.


Depois de adulto descobri que tinha outras habilidades além de escrever o oito deitado. Tornei-me um adulto feliz.